Arte : Tim Okamura |
Por Jordana Bulla
Que foda é ser mulher, gente. Não dá pra descrever de outra maneira.
Essa última semana em particular foi foda pra caralho. Nós somos obrigadas a
assistir homens no poder mudando leis tão importantes pra gente. Ferindo
nossa dignidade. Deixando claro quem manda em tudo aqui. Só que a gente já
sabia, sempre soube, e daí resolveu que não ia mais deixar assim não.
Aí depois de uma semana pesada dessa, chega a prova do ENEM pra
fazer homem machista e escroto passar mal na hora da redação. Chega
questão com Simone. Chega música do Pixinguinha. E você se emociona com
os relatos das minas, com a força delas, com a luta e a garra dessas mulheres
maravilhosas que não desistem nunca. Eu me emocionei com a redação da
minha prima, meu bebê de 17 aninhos, que orgulhosa eu fiquei quando ela leu
seu texto pra mim e eu percebi que ela está crescendo pra se tornar uma
mulher forte, bonita, empoderada.
Vivenciamos a violência de gênero todos os dias, e tem gente reclamando de escrever?? |
Você reclamou de escrever um texto sobre o assunto em uma prova,
mas a gente é obrigada a viver a problematização desse tema na pele. Nossa
vida inteira é a discussão desse tema. Ser mulher é ser agredida de tantas
maneiras, por todos os lados. Ser mulher é expor o que você pensa e ouvir que
você é agressiva e exagerada quando o homem ao seu lado teve todo o direito
de dizer o que quis sem repreensão nenhuma. Isso é uma agressão. Aquela
cantada nojenta na rua quando você só quer chegar na padaria em paz é uma
agressão. Quando você se sente invadida por uma opinião (que você nunca
pediu) sobre sua bunda, seu peito, suas pernas, é uma agressão tremenda.
Quando o homem grita com você porque acha que pode é agressão. Quando o
homem pensa que seu corpo é uma propriedade, quando você é anulada como
pessoa por campanhas publicitárias, quando te mandam “agir como menina”,
quando sua voz tem sempre que ser mais baixa, quando você não pode
receber o mesmo salário pelo mesmo trabalho, quando você tem que trocar a
saia, quando você não sai a noite sozinha porque tem medo demais de não
voltar pra casa. São tantas em uma vida tão curta que uma folha de papel
jamais daria conta.
Ser mulher é andar na corda bamba sim, mas de uma coisa eu tenho
certeza: nós vamos juntas, nós não estamos sozinhas, nós somos cada vez
mais fortes. E o choro, queridos, como já disseram por aí, é livre.
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